20 de maio de 2011

08.

O caminho e o destino.

Então a garota, já cansada de andar contra o vento, viu um senhor com um charuto na boca, sentado em um banco às margens da vida. Ela resolveu se sentar ao lado dele, a fim de descançar um pouco e saber se ele poderia responder uma de suas inúmeras perguntas sobre aquela jornada.

— Ei, senhor, essa vida cheia de compromissos, obrigações e esforço? Essa vida, aonde nos leva?
— Ao fim, minha jovem.
— E o que tem lá, senhor?
— No fim?
— Sim.
— Não há nada, querida. Não há nada.

Ela meneou a cabeça, pôs um olhar triste no rosto e voltou a andar. Não queria, não havia razão para continuar, mas ela tinha medo de parar, então andava, quem sabe mais à frente encontrasse algumas mentiras confortáveis, porque de nada lhe serviria a verdade nua, crua e cruel, de nada lhe serviria, pois não pararia de caminhar. Embora sem ânimo ela ainda acreditava — mesmo que bem pouco, quase inerte — que a vida reservava algo bom no final.

3 comentários: