27 de março de 2012

56.

Vestido de renda.

O fim da linha é apenas um penhasco onde os trilhos não podem passar ou existe um paraíso?
Esse é um trem feio, velho e sujo. Nada clássico se quer saber.
Estou em um assento pouco confortável; não existe um herói ou um cowboy e eu não sou uma garota com vestido de renda, chapéu e lenço.
Essa é a vida    não um filme, não um sonho  é a vida, ouviu falar? Melhor seria se não a conhecesse, mas agora o jeito é seguir em frente.
Aqui dentro tudo é feio, e pular do vagão significa o fim: onde nada terá a chance de melhorar, embora ficar talvez tenha o mesmo resultado.
Está escutando esse som do atrito das rodas com o ferro no chão? Todos os dias ouço o mesmo som. Nunca pára esse trem para coisa alguma nova entrar; sempre a mesma paisagem seca, sempre as mesmas palavras grossas.
Sempre esse mesmo balanço, essa ânsia no estômago, essas lágrimas e essa falta de lenço, chapéu e vestido de renda; essa falta de herói, mocinha e história de amor e história de vida, essa falta de uma história interessante qualquer que se possa contar em uma bela noite e ser ouvida com curiosidade.
Olhando a vida de longe consigo ver com moldura comum — em parede branca — um quadro simples na exposição da existência; nele a imagem de uma menina sentada no aposento de um trem olhando pela janela a vida passar.
Ah... Se ela ao menos tivesse coragem.

2 comentários:

  1. Interessante postares um texto metaforizando a vida com um trem. Acabo de escrever postar um mini-conto que, em certa escala, também uma metáfora da vida (ou do vivo). Belo texto, Tiane.

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    1. Obrigada, Jorge. Não estou muito segura quanto a esse texto, assim como não estava sobre alguns outros, os quais acabei tirando do blog e colocando na gaveta; porém esse resolvi deixar.
      Mas obrigada pelo elogio, pelo comentário e por estar sempre acompanhando, espero que tenha gostado mesmo. Qualquer crítica será muito bem-vinda, principalmente vinda de você.
      Feliz Páscoa!

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