18 de fevereiro de 2013

67.

Ossos pneumáticos.

Quando a boa notícia esperada não veio
quando não podia mais chegar
eu fui lá fora pegar a toalha do varal.
Corria um vento suave
e o frio era acolhedor.
"Se eu ao menos pudesse voar", pensei.
Não podia.
Se eu ao menos pudesse fugir, pensei.
Não devia.

Eu queria que algo subversivo acontecesse
algo que mudasse as preocupações do futuro
que fizesse tudo de importante ser bobagem.
Ah se a vida tomasse um rumo inusitado!

Acho que sou um pássaro preso em corpo de gente
como um cisne em meio ao patos
acho que estou fadada a nunca ir para casa.

Se ao menos eu pudesse voar...
Ir pra bem longe, despreocupar disso, jogar tudo pro alto,
mas estou presa no chão como planta
e das estrelas só posso ter a vista
de infinitos anos-luz de distância.